domingo, 22 de março de 2009

O Reencontro

O refúgio em Espanha fez-nos sonhar, por isso inventámos uma história para que sonhes connosco:











Naquele dia de fim de Verão, o sol parecia incendiar o horizonte. Inês olhava o céu e, com os olhos verdes cheios de lágrimas, disse à mulher que a acompanhava desde criança:


- Ana, talvez vá para o convento.


- Que dizes Inês? És jovem e bonita. Certamente encontrarás um jovem nobre que case contigo.


- Não posso casar. Depois de saber o que se sente quando se ama, não posso.


Ana calou-se. Conhecia Inês e sabia que a paixão que ela sentia pelo príncipe português era arrebatadora. “É o destino das mulheres da família” – pensou. Ana tinha estado ao serviço de Doña Aldonza, e assistira à paixão que a mãe de Inês sentira por Pedro Fernandez de Castro. Depois da morte da sua senhora, ficara responsável pela menina de cabelos loiros. Acompanhou-a na viagem de A Limia até Peñafiel e viu como aquela criança se transformava numa bela mulher. Depois, Portugal.


- Olha – disse Inês interrompendo os pensamentos de Ana – já se vê o meu exílio. Longe da vida da corte, longe do meu Pedro.


Ana abriu a cortina da carruagem. O castelo imponente elevava-se frio numa escarpa.


Depois de bem recebidas, foram acompanhadas aos aposentos.


Os dias passavam e Ana não voltara a encontrar em Inês a alegria natural a que a tinha acostumado. Passava os dias sentada à janela, com o bordado inacabado entre as mãos quietas, a observar o horizonte, tentando alcançar com o olhar triste a fronteira portuguesa.


Ana sabia que a sua menina tinha evitado o romance quando Pedro lhe enviara poemas ou a procurara nos jardins do castelo de S. Jorge. Tinha evitado os olhares nas festas do palácio e as conversas casuais. Mas a insistência de Pedro surtiu efeito e Inês caiu nas redes da paixão.


Os rumores começaram a circular na corte e o rei, defensor da fidelidade, mandou-a sair do país. Encontraram refúgio em Alburquerque. A vila era calma e os habitantes viviam tranquilamente as suas vidas sem medo da doença que assolava a Europa. E gostavam de Inês.


“La portuguezinha”, como lhe chamavam, trouxera um pouco de magia à pacatez das suas vidas.
Bateram à porta. Era Rosario.


- Senõra, ha llegado un caballero, un hidalgo portugués, y pide que lo recibais. Está esperando en el salón.


Inês aproximou-se do salão. O coração dizia-lhe que era Pedro quem a procurava, a razão dizia-lhe que o príncipe não se iria aventurar em terras espanholas, pois poderia ser mal interpretado. Em Castela, conheciam-se as pretensões do rei Afonso IV e ainda todos se lembravam da tentativa falhada de invasão.


O homem que a esperava estava distraído a observar o escudo de armas. Tinha a capa cheia de pó acumulado por dias a cavalgar. Os cabelos loiros não enganaram Inês.


- Pedro!


O príncipe voltou-se e os seus olhos reencontraram os de Inês. Inês sorriu. Era o primeiro sorriso que dava em muitos meses. Correram a abraçar-se.


A partir desse dia, e durante dez anos, o príncipe visitou Inês em Alburquerque. Que ia caçar no Alentejo, diziam na corte portuguesa!



Autores:

Ana Maia, Ana Pereira, Ana Costa, Ana Campos, João Penouço, Sandra Silva, Sara Oliveira, Vera Sousa

sábado, 7 de março de 2009

O refúgio em Espanha




Conta a lenda que, para impedir o amor entre D. Inês e D. Pedro, o rei D. Afonso IV a expulsou do país.
Diz-se que D. Inês de Castro se refugiou na vila de Alburquerque, na Estremadura espanhola, onde D. Pedro se encontrava secretamente com D. Inês protegido pelos habitantes. Conta-se também que, em sinal de agradecimento, D. Inês e D. Pedro ofereciam todos os anos um banquete aos habitantes da vila para agradecer a protecção e ajuda.
Em 1994, nasce um festival para relembrar a lenda.

Durante vários dias, na 2ª quinzena de Agosto, os habitantes recriam a época medieval e os encontros secretos dos dois amantes.